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Ejatec contribui para qualificação e inclusão no mundo do trabalho

Mundo da EPT

Ensino técnico integrado à Educação de Jovens e Adultos pode inserir jovens sem Educação Básica concluída

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que possibilita a retomada e a conclusão da Educação Básica por pessoas que, por diferentes razões, não conseguiram finalizá-la na idade apropriada, ou seja, aos 17 anos, como é o caso de milhões de jovens, sobretudo os que se encontram em situação de vulnerabilidade.

A EJA pode atrair mais esses jovens ao ser ofertada juntamente com o ensino técnico – quando ganha o nome de Ejatec –, pois eles recebem dois diplomas ao mesmo tempo, o diploma regular do ensino médio e o diploma de habilitação técnica, o que eleva suas chances de inserção produtiva qualificada.

Números do Censo Escolar 2024, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que 2,4 milhões estudantes cursaram a EJA naquele ano, dos quais 2,2 milhões frequentaram a rede pública e quase 200 mil a rede privada. Entretanto, as matrículas na EJA têm diminuído no Brasil nos anos recentes. Só de 2023 para 2024 as matrículas na modalidade caíram em 7,7%.

Essa queda é preocupante quando se observa que o país contava, segundo o Censo Escolar 2024, com 65 milhões de pessoas com mais de 25 anos que não haviam concluído a Educação Básica, o que significa quase metade da população dessa faixa etária.

Já a modalidade de ensino técnico de nível médio integrada à EJA (Ejatec) teve crescimento de 53,6% no número de matrículas, de acordo com o Censo Escolar 2024, subindo de 38.313 matrículas em 2023 para 58.852 em 2024, o que é um número ainda baixo, em termos absolutos, considerando-se o alto número de pessoas no país com mais de 25 anos sem o ensino médio concluído.

Ao se levar em conta a meta de expansão da EJA articulada à EPT, presente no Plano Nacional de Educação (PNE), que é de oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de EJA, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional, o Censo Escolar 2024 aponta um percentual de apenas 5,9%, ou seja, bem distante da meta e aquém do potencial de formação e inclusão da Ejatec.

“A Ejatec é uma  importante oportunidade para os jovens que já estão fora da escola e/ou fora do mundo do trabalho. Contribui para que terminem a Educação Básica e se qualifiquem para acessar trabalhos melhores e/ou deixem a informalidade, muito comum nessa faixa etária”, analisa Cacau Lopes da Silva, gerente de Implementação, Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Educação e Trabalho (IET).

Estudos do IET, como o “Impacto da Educação Técnica sobre a Empregabilidade e a Remuneração”, realizado em parceria com o Insper e Instituto Unibanco, têm demonstrado que egressos da educação técnica de nível médio alcançam um inserção produtiva melhor, em termos de cargos e salários, do que aqueles que concluem apenas o ensino médio regular, sem formação profissional. Atentos a essa constatação, alguns estados já vêm investindo na Ejatec, com o apoio da instituição, como é o caso do Maranhão, que em 2022 tinha oferta em 52 escolas estaduais de 18 municípios e passou a formar educadores multiplicadores, do Piauí, que elevou em 38% a oferta de matrículas em Ejatec de 2023 para 2024, passando de quase seis mil para mais de 8.200 de matriculados, e do Amapá, que iniciou seu Programa Ejatec em 2022.

Geralmente, os estudantes da modalidade já tiveram contato com o mundo do trabalho e precisam concluir seus estudos e seguir trabalhando. É o que apresenta o material “EJA articulada à EPT no EM: material de apoio à formação de educadores – Caderno Conceitual”, também produzido pelo IET. A publicação detalhada traz também a trajetória da Educação de Jovens Adultos no Brasil e as competências a serem desenvolvidas para que eles concluam seus estudos e se insiram adequada e dignamente no mundo do trabalho.