Estudantes do curso técnico de Automação Industrial contam sobre como é ingressar em uma área predominantemente masculina

Stephany Barbosa e Ester Bastos, de 17 e 18 anos, são alunas do curso técnico de automação industrial integrado ao ensino médio na Escola EEEFM Arnulpho Mattos, em Vitória (ES).
Stephany optou pelo curso pois o pai já trabalhava na área e foi um incentivador, mas antes de iniciar os estudos ela acreditava que o curso seria voltado apenas para a indústria, e se surpreendeu ao ver as muitas possibilidades apresentadas. “É um campo com maior presença masculina. No início, me remetia a ideia de que era preciso ter força para executar esse trabalho e que só teria oportunidade em grandes empresas,” diz, lembrando que sua sala também era, em sua maioria, composta por estudantes do sexo masculino. Essa visão mudou a partir do momento em que começaram as aulas, e viu que a formação pode ser aplicada em outros setores, como automação residencial, produção industrial e outras.
Entre os temas abordados no curso estão eletrotécnica, sistemas digitais e acionamentos elétricos. Atualmente, a estudante tem se interessado pela temática de engenharia e controle de automação, considerando até um mestrado ou doutorado após a finalização da formação técnica.
Mesmo com as rápidas mudanças tecnológicas em ascensão, a estudante deseja seguir na área e vê a necessidade de humanos nesse ramo do mundo do trabalho. “Algumas pessoas pensam que a automação vai substituir o trabalho do homem em qualquer área, mas eu não acredito nisso,” afirma Stephany. “Ela irá auxiliar e ajudar, trazendo mais rapidez e eficiência”, conclui.
Já Ester ficou sabendo sobre o curso técnico de automação na escola por indicação de Stephany, e por isso, optou por estudar na mesma sala. “Aprendi muitas coisas que, se tivesse em outra escola sem o curso técnico, eu não aprenderia,” afirma, mencionando o interesse em um curso superior em engenharia. “O ensino técnico precisa ser mais divulgado, eu mesma só fiquei sabendo da existência de outras escolas técnicas quando vim para cá”, ressalta. Ela recomenda a modalidade: “O choque de ir direto do ensino médio para o superior é muito grande. Por isso, o ensino técnico, que tem o ensino prático, é importante”.
Assim como Stephany, Ester nota a presença masculina presente na área que optaram. “Nós mulheres sempre fomos ensinadas a não realizar trabalhos árduos e acabamos trabalhando em áreas administrativas. Tinha receio de chegar no curso técnico e ter só homens e de não ter espaço no mundo do trabalho,” conta, mencionando as percepções de antes de iniciar seus estudos na área. No entanto, ambas as alunas se encontraram no curso técnico e na automação, mesmo com uma maioria numérica de homens. “Não podemos desistir da área que queremos atuar por conta de uma imposição", defende, encorajando que mulheres interessadas em áreas como automação, indústria, mecânica - que costumam ter muitos homens - também ocupem as salas de Educação Profissional e Tecnológica.
(Depoimento dado à equipe do Itaú Educação e Trabalho em junho de 2024)
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